Depois de uma ausência prolongadíssima, nada melhor do que voltar com um clássico.
Pois é, o governo apresentou a proposta de orçamento de estado para 2013. E para além das inúmeras medidas de austeridade que davam para encher vários posts, também reviu as suas previsões para o crescimento da economia e para a taxa de desemprego para 2012 e 2013. Não é novidade nenhuma que as previsões foram revistas para pior, bem pior.
O crescimento do PIB afinal cai para -1% em 2013 e não +0,6% como o governo "pensava" em Abril.
Já a taxa de desemprego passa para os 15,5% este ano e 16,5% em 2013, bem acima dos 13,2% e 13% estimados em Abril.
Enfim, o governo continua a rever as suas previsões macroeconómicas para a economia portuguesa em baixa, mas será que olha realmente para as previsões que faz? E que conclusões tira?
Enfim...
O Eurozone crisis live chamou-me a atenção para um artigo interessante publicado por Joe Weisenthal @ Business Insider - CHART OF THE DAY: The Scariest Jobs Chart EVER.
Lembram-se disto ou disto? Este é do mesmo género mas para a destruição de emprego nos EUA.
Estou com pouco tempo para comentar mas acho que o gráfico fala por si.
No passado escrevi sobre o facto das previsões que têm sido feitas acerca da economia são sempre optimistas e acabaram sempre por ser revistas em baixa - Mais Previsões Optimistas.
O FMI publicou ontem o relatório da 4ª revisão do programa de ajustamento e não é que a previsão do PIB foi revista em alta. Mas a imagem dos nossos próximos 6 anos continua péssima. Na realidade, a revisão é essencialmente no crescimento deste ano que passou de -3,3% para -3%. O gráfico evidencia que estamos claramente a atravessar A Nossa Grande Depressão e que esta revisão não altera basicamente nada - só em 2016 voltaremos a ter o PIB num nível semelhante ao de 2007.
Richard Layard (London School of Economics) e Paul Krugman criaram um manifesto para expor o essencial da forma como os policy makers têm interpretado erradamente a natureza desta crise, confundido as causas com efeitos, e respondido de forma a tornar a situação ainda pior. O manifesto está disponível online para ser assinado por economistas e não só: http://www.manifestoforeconomicsense.org/
A Manifesto for Economic Sense
More than four years after the financial crisis began, the world’s major advanced economies remain deeply depressed, in a scene all too reminiscent of the 1930s. And the reason is simple: we are relying on the same ideas that governed policy in the 1930s. These ideas, long since disproved, involve profound errors both about the causes of the crisis, its nature, and the appropriate response.
These errors have taken deep root in public consciousness and provide the public support for the excessive austerity of current fiscal policies in many countries. So the time is ripe for a Manifesto in which mainstream economists offer the public a more evidence-based analysis of our problems.
In the face of a less severe shock, monetary policy could take up the slack. But with interest rates close to zero, monetary policy - while it should do all
Depois das previsões do Governo e do FMI, aqui estão os gráficos para as previsões da OCDE. Confirma-se, como era de esperar, que a OCDE também erra bastante nas suas previsões, mesmo nas previsões a 1 ano.
Isto não é nenhuma surpresa. Apesar de eu só ter incluído as previsões dos Economic Outlooks desde Novembro de 2009, existem diversos estudos sobre a qualidade das previsões macroeconómicas que demonstram que estas tendem a ser pouco precisas, em especial em períodos de grande volatilidade como as crises. E esta imprecisão é comum a todos os organismos como a OCDE, FMI, Banco de Portugal, Governos, etc..
Já vimos a precisão das previsões do Governo. E hoje foram publicadas as previsões da OCDE que não agradaram nada ao Sr. Ministro Álvaro.
Mas será que as previsões da OCDE, ainda que mais pessimistas, não serão também elas (ainda) optimistas!? Se tivesse de apostar, apostava que sim.
O que tenho a certeza é que até hoje não foi apenas o Governo que errou largamente nas suas previões. Ora vejamos os gráficos abaixo com as previsões da troika - publicadas pelo FMI nos relatórios trimestrais de acompanhamento do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro.
PS: Irei preparar um gráfico idêntico mas com as previões da OCDE para ser publicado em breve. Actualização: Aqui está!
O Económico (entre outros) noticiaram ontem que o Conselho Superior das Finanças Públicas considera "as previsões do DEO (Documento de Estratégia Orçamental) demasiado optimistas".
Será que têm razão....
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