Depois de uma ausência prolongadíssima, nada melhor do que voltar com um clássico.
Pois é, o governo apresentou a proposta de orçamento de estado para 2013. E para além das inúmeras medidas de austeridade que davam para encher vários posts, também reviu as suas previsões para o crescimento da economia e para a taxa de desemprego para 2012 e 2013. Não é novidade nenhuma que as previsões foram revistas para pior, bem pior.
O crescimento do PIB afinal cai para -1% em 2013 e não +0,6% como o governo "pensava" em Abril.
Já a taxa de desemprego passa para os 15,5% este ano e 16,5% em 2013, bem acima dos 13,2% e 13% estimados em Abril.
Enfim, o governo continua a rever as suas previsões macroeconómicas para a economia portuguesa em baixa, mas será que olha realmente para as previsões que faz? E que conclusões tira?
Enfim...
Em resposta a alguns comentários recentes, aqui vai um primeiro post.
Não foram os défices públicos que nos trouxeram até esta crise. Pelo contrário, os elevados défices e o crescimento das dívidas públicas no mundo todo foram consequência da crise.
Para quem não concorda basta olhar para os casos como a Espanha ou a Irlanda que tinham as contas públicas mais do que em ordem. E mesmo Portugal tinha, em 2007, uma dívida pública de apenas 68% (apenas mais 3 pp. que a Alemanha).
Ora, em consequência da crise, isso sim, e uma vez que a primeira resposta, ao nível global, foi uma resposta no sentido correcto - aumento da despesa para reanimar a economia - aí sim os défices foram significativos, como tinham de ser. O problema veio pouco depois, quando os políticos das principais economias do mundo acharam que a crise era um problema já ultrapassado. Isto, aliado a uma preocupação crescente e infundada com as dívidas públicas levou os governos a cortarem cedo demais os apoios à economia e a recuperação esfumou-se. (Vejam este post com a história das conclusões das reuniões do G20 desde o inicio da crise)
E sim, a preocupação com as dívidas públicas era e é infundada - senão recorde-se que os Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, apesar de terem défices e dívidas públicas bem mais elevadas que em 2007, têm hoje as taxas de juro a níveis nunca vistos de tão baixos que são. E apesar dos países do Sul da Europa terem visto os seus juros aumentar não podemos confundir as coisas. Os juros de Portugal e dos demais aumentam porque os mercado perceberam há muito tempo que o euro, assim como ele é hoje, não tem futuro. Portanto, no caso de um breakup do euro todos sabemos o que aconteceria.
Nomeadamente, ao nível das taxas de cambio, países como Portugal sofreriam fortes desvalorizações contra fortes valorizações em países como a Alemanha, e podíamos mesmo ter um default parcial das dívidas de países como Portugal. É isso que os mercado temem e daí, nos últimos anos, as taxas de juro terem divergido tanto entre países como Portugal e países como a Alemanha. O que está em causa não é o tamanho exagerado do governos em Portugal ou na Grécia (que só por acaso é tão grande como na Alemanha). O que está em causa é Portugal como economia. Economia essa que dentro da zona euro actual não tem futuro e, como sabemos, a dívida externa de Portugal, tanto pública como privada, paga-se com o que a economia produz.
Já vimos a precisão das previsões do Governo. E hoje foram publicadas as previsões da OCDE que não agradaram nada ao Sr. Ministro Álvaro.
Mas será que as previsões da OCDE, ainda que mais pessimistas, não serão também elas (ainda) optimistas!? Se tivesse de apostar, apostava que sim.
O que tenho a certeza é que até hoje não foi apenas o Governo que errou largamente nas suas previões. Ora vejamos os gráficos abaixo com as previsões da troika - publicadas pelo FMI nos relatórios trimestrais de acompanhamento do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro.
PS: Irei preparar um gráfico idêntico mas com as previões da OCDE para ser publicado em breve. Actualização: Aqui está!
O Económico (entre outros) noticiaram ontem que o Conselho Superior das Finanças Públicas considera "as previsões do DEO (Documento de Estratégia Orçamental) demasiado optimistas".
Será que têm razão....
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