"A reestruturação da economia portuguesa" é mais uma das expressões que passou a fazer parte do dia-a-dia de todos os portugueses. Todos sabemos que saída da crise será à custa das "reformas estruturais" e os membros do Governo, principalmente o Primeiro Ministro e o Ministro da Economia, usam este argumento para tudo e para nada.
A meu ver, é certo que a economia portuguesa podia exportar mais do que exporta e que existe uma alocação de recursos por vezes ineficiente, fruto, em grande parte, duma legislação e duma política de incentivos desadequadas.
As "reformas estruturais" são necessárias e pecam por tardias, mas, lamento, não são aquilo que precisamos para sair da crise. São importantes para a economia no longo prazo, mas no curto prazo o seu impacto até pode ser negativo.
Para ilustrar o problema aqui fica uma versão de Paul Krugman duma metáfora primeiramente contada por Keynes aquando da Grande Depressão.
Imaginem que esta crise é como uma falha no sistema eléctrico de um carro, por exemplo o carro não pega porque a bateria "morreu". Ora, bastaria por uma bateria nova - operação relativamente simples e barata - e o carro estava de novo a funcionar. E com isto não estou a dizer que não haja outros problemas com o carro, alguns deles até problemas graves. Talvez o carro precise de travões novos ou uma nova caixa de velocidades, o que pode melhorar a performance do carro no futuro.
A questão é: que sentido faz não começar por substituir a bateria?
De volta à economia, o que precisamos de fazer para sair da crise é reanimar a procura. Isto precisa de ser feito ao nível mundial e mudar os travões ou a caixa de velocidades não adianta (as reformas estruturais); temos de desistir da austeridade e adoptar medidas expansionistas (mudar a bateria).
Senão vejamos um exemplo claro da impotência das reformas estruturais:
A reforma do mercado de trabalho que, entre outras coisas, irá diminuir as indemnizações por despedimento, visa promover maior entrada e saída de trabalhadores, garantindo uma mais eficiente alocação de recursos. Agora, esta alteração só se aplica a partir de 31 de Outubro de 2012 - não se aplica retoricamente.
Será que vai a tempo de ajudar Portugal a sair da crise? Claro que não.
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