Tenho defendido e tentado provar que, face à situação actual, a melhor e mais provável solução para a crise do euro seria a saída, o mais rápido possível, dos países periféricos - no limite acredito que a própria existência do euro deixaria de fazer sentido.
No entanto deixei sempre claro que esta não é a única solução. Eu próprio não estou certo que seja a melhor solução de todas, do que estou certo é que a melhor solução das aparentemente possíveis e claramente melhor do que a que tem estado em cima da mesa - austeridade, desvalorização interna, etc.
Nomeadamente, não assumi como aparentemente possível a hipótese de uma convergência política e económica da Europa para algo como uns Estados Unidos da Europa (EUE). Apesar disso, deixei sempre uma ressalva no que respeita a esta solução que considero ser a única que pode "substituir" a do fim do euro.
Mas se por um lado, os governantes europeus parece não quererem desistir da moeda única, por outro, ainda não deram indicações válidas de que a queiram completar politicamente e economicamente, antes pelo contrário.
Proibir os governos de terem défice elevados ou criar mecanismos para emprestar dinheiro aos países em dificuldades a troco de austeridade não é a integração de que estamos a falar quando se fala em completar a zona euro, não é suficiente e os acontecimentos recentes são prova disso mesmo. O mundo inteiro já percebeu isso - senão veja-se a reacção imediata ao anuncio do empréstimo a Espanha: juros a subir para máximos históricos.
Então e será que uma verdadeira convergência para uns Estados Unidos da Europa é possível?
Harman Van Rompuy (Presidente do Conselho Europeu) publicou hoje um relatório de 7 páginas algo surpreendente - Towards a genuine economic and monetary union. O relatório foi preparado em cooperação com Durão Barroso, Jean-Claude Juncker e Mario Draghi, e aborda a possibilidade de convergência para uns Estados Unidos da Europa de uma forma simples mas bastante linear.
Ora um problema é que os alemães odeiam esta hipótese - ou pelo menos parece. E até às eleições na Alemanha em Outubro de 2013 pouco deverá mudar - o problema é que isso é daqui a mais de 1 ano o que pode ser tarde (mesmo muito tarde) - e ninguém sabe se Merkel não vence mesmo as eleições. E mesmo outros países como a Holanda, Itália, Espanha ou França (países do euro grandes e/ou ricos) não sei até que ponto estarão dispostos a dar este passo. A questão da soberania seria também não só muito importante para os políticos como para as próprias populações.
Temos, portanto, os organismos europeus de um lado e os governantes do outro? Parece que sim; e o poder ainda está do lado dos governantes...
PS: Merkel, provavelmente em resposta ao relatório de Rompuy, terá dito hoje numa reunião dos partidos do governo alemão que, enquanto for viva, a Europa jamais terá a sua "dívida partilhda" (portanto nada de eurobonds ou algo ainda mais integrado).
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